CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ
SAUDAÇÃO DO CARDEAL JOSEPH RATZINGER 21 de Dezembro de 2002
O ano que está a chegar ao fim, foi mais uma vez um ano de bênção e, ao mesmo tempo, de preocupações; um ano, ao longo do qual pudemos receber com gratidão os sinais de Deus, mas conhecemos também o poder do pecado, que ameaça o homem e o mundo. Vós, Santo Padre, nas diversas vicissitudes destes meses, convidastes-nos continuamente a dirigir o nosso olhar para Cristo, o qual não só nos indica o caminho, mas é Ele próprio o caminho. De várias formas, Vossa Santidade ajudou-nos a dirigir o olhar para Ele, para o Redentor de todos os homens. O Dia Mundial da Juventude em Toronto reuniu os jovens numa festa de fé, na qual eles puderam experimentar de muitas formas a graça do perdão e a alegria de Deus, que nos é dada precisamente quando saímos da angústia da nossa própria vontade e conformamos a ossa vontade com a vontade de Deus. Três grandes canonizações Padre Pio da Pietrelcina, José Maria Escrivá de Balaguer e Juan Diego representaram diante dos nossos olhos aquele ícone da fé, que fazem com que nos apercebamos da presença de Cristo vivo na história, o qual é o mesmo ontem, hoje e para toda a eternidade (cf. Heb 13, 7). Mas, sobretudo no começo do seu 25º ano de Pontificado, Vossa Santidade ofereceu-nos a Carta apostólica "Rosarium Virginis Mariae", na qual é retomada a mensagem de "Novo millennio ineunte": voltar a partir de Cristo, e é-nos indicado um percurso muito concreto, de como este renovado caminhar com Cristo se possa tornar uma realidade vivida em cada dia. Desta forma, Vossa Santidade retomou um pensamento, que logo após duas semanas da sua eleição, a 29 de Outubro de 1978, propôs no Angelus: "O Rosário é a minha oração preferida...". Os mistérios do Rosário "põem-nos em comunhão viva com Jesus através... do coração da sua Mãe". Com este documento, Vossa Santidade faz-nos participar na sua vida interior, oferece-nos um exemplo muito prático da palavra-chave do seu Pontificado "Totus tuus" e, desta forma, dá-nos a conhecer a fonte da qual tirais a força, para exercer dia após dia o mistério da unidade. Numa época caracterizada por um activismo frenético destinado à exterioridade, Vossa Santidade leva-nos à meditação cristã, na qual as experiências das grandes religiões, a sua busca do mistério de Deus são acolhidas e encontram uma nova forma na fé, que nos mostra o rosto de Cristo e nele nos faz ver o Pai (cf. Jo 14, 9). Vossa Santidade indica-nos como a oração dos simples é precisamente também a oração da união com os sentimentos de Jesus (cf. Fil 2, 5) e, assim, a oração autenticamente mística, que alimenta interiormente a liturgia e dela recebe continuamente o seu vigor. E ainda, com os mistérios da luz, Vossa Santidade põe diante dos nossos olhos de maneira renovada a figura de Jesus, de forma que, como os três discípulos no monte Tabor "extasiados pela beleza do Redentor" (n. 9), aprendamos a segui-lo e a alcançar uma vida transfigurada pelo Espírito Santo (n. 21). Obrigado, Santo Padre, pela luz que nos vem destas páginas que nos vem da sua vida de oração que resplandece nestas palavras. Pedimos-lhe que nos abençoe.
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