A verdade sobre a Imaculada Conceição da Virgem Maria insere-se num longo caminho de fé e de afectuosa devoção do Povo de Deus pela Mãe de Jesus.
Na realidade, já nos Livros inspirados do Antigo Testamento se manifesta uma figura feminina, destinada a colaborar de uma certa maneira com o futuro Messias. Esta Mulher revelará plenamente o seu rosto nos Livros do Novo Testamento onde, na pessoa histórica de Maria de Nazaré, é possível reconhecer a discípula perfeita do Filho. Nela manifesta-se ao máximo nível a plenitude dos valores anunciados por Jesus.
Em escuta contínua do mistério de Deus e do seu plano de salvação, a Igreja jamais cessou de contemplar Maria, buscando nela as manifestações mais significativas de uma experiência autenticamente humana e cristã. Deste modo, a abordagem amorosa dos diversificados aspectos do mistério da Bem-Aventurada Virgem Maria desenvolveu-se cada vez mais, até se tornar um verdadeiro e próprio corpus doutrinal no âmbito da teologia: a mariologia. Toda uma história de veneração e de reflexão precede, por conseguinte, a proclamação dogmática por parte do Papa Pio IX, em 1854, orientando-a na sua formulação e enriquecendo-se ulteriormente por meio dela.
À voz dos Pastores, à reflexão dos teólogos e à veneração de toda a Igreja, também a arte, sobretudo a partir da alta Idade Média, ofereceu a sua própria contribuição, dando testemunho do modo como, muito antes da proclamação dogmática, a fé do povo cristão já era orientada no sentido sucessivamente definido pelo supremo Magistério da Igreja.
A Exposição Uma Mulher vestida de sol. Iconografia da Imaculada Conceição propõe-se documentar o itinerário percorrido pela iconografia mariana até alcançar, através de diversas tentativas, a identificação de um modelo capaz de dar uma expressão ao "privilégio singular" da Imaculada Conceição da Virgem.
Seguindo as obras reunidas na Exposição, diante dos nossos olhos a figura da Imaculada adquire gradualmente a sua consistência. Passa-se de representações mais genéricas a outras mais específicas e incisivas. De qualquer forma, trata-se sempre de composições de singular valor estético e teológico, que atravessam o tempo e o espaço, tecendo uma espécie de diálogo com as imagens, que alcança elevadíssimos níveis de poesia, para a glória da "Toda Bela".
Desejo transmitir a expressão da minha estima agradecida a quantos, de várias maneiras, se comprometeram com generosidade e competência na realização deste importante encontro cultural.
Formulo bons votos a fim de que os visitantes, numerosos e sensíveis, possam aproximar-se destas obras-primas da arte figurativa com uma alma disponível para conhecer, admirar e amar Aquela que foi a límpida fonte inspiradora destas obras.