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SECRETARIA DE ESTADO INTERVENÇÃO DE D. CELESTINO MIGLIORE NA 4ª COMISSÃO DA 60ª SESSÃO DA ONU SUBORDINADA AO TEMA: "QUESTÕES RELATIVAS À INFORMAÇÃO" 13 de Outubro de 2005 Senhor Presidente A Santa Sé reconhece o direito à informação e a sua importância na vida de todas as sociedades e instituições democráticas. O exercício da liberdade de comunicação não deveria depender da riqueza, da educação ou do poder político. Todos têm o direito à comunicação. A liberdade de expressão e o direito à informação aumentam e desenvolvem-se nas sociedades, quando não estão comprometidas as bases éticas da comunicação, como a preeminência da verdade e o bem do indivíduo, o respeito pela dignidade humana e a promoção do bem comum. Além disso, as novas tecnologias têm um importante papel a desempenhar no desenvolvimento dos pobres. Assim como acontece nos casos da saúde e da educação, o acesso à riqueza representada pelas comunicações certamente beneficiaria os pobres, sem dúvida como portadores de informações, mas inclusive como actores, capazes de promover o seu próprio ponto de vista diante dos responsáveis pelas decisões no mundo inteiro. Considerando a facilidade de acesso cada vez maior à informação de todos os tipos possíveis, a Santa Sé ressalta a necessidade de proteger os mais vulneráveis, como as crianças e os jovens, especialmente à luz do incremento do seu conteúdo de violência, de intolerância e de pornografia. Talvez a questão mais essencial, levantada pelo progresso tecnológico, consista em descobrir se, como resultado disto, as pessoas crescerão em dignidade, responsabilidade e abertura ao próximo. Em tal contexto, a Santa Sé tomou uma singular iniciativa a nível continental, denominada Digital Network of the Church in Latin America ("Rede Informática da Igreja na América Latina" RIIAL), que promove a adopção das tecnologias digitais e dos programas de educação no campo dos mass media, de forma especial nas regiões mais pobres. O bom êxito deste projecto chamou a atenção do Observatório para a Comunicação Cultural e Audiovisual no Mediterrâneo e no Mundo (OCCAM) e outras organizações internacionais. A Santa Sé contribui também para a promoção do papel tradicional desempenhado pelas livrarias e pelas rádios no campo da formação. Formulam-se votos a fim de que a Segunda Fase do Encontro Mundial da Organização das Nações Unidas sobre a Sociedade de Informação (WSIS), que em breve se realizará em Tunes, leve a ulteriores esforços em ordem a construir uma sociedade digital mais inclusiva, que reduza a difundida "pobreza informática". Seria útil criar uma nova dinâmica, que ultrapassasse a lógica política e comercial geralmente em uso nestes campos. A minha Delegação julga que a Sociedade de Informação deveria ser dotada da habilidade, da capacidade e da proficiência para gerar e adquirir novos conhecimentos e para ter acesso, absorver e utilizar de maneira eficaz as informações, os dados e as ciências, com o apoio da tecnologia da informação e da comunicação. Na sociedade já existem numerosos "agentes de significado", ou "operadores do conhecimento", como a família, a escola, o Estado, os responsáveis pelas decisões e os líderes, sem mencionar as instituições religiosas. O conhecimento é essencial para marcar presença no mercado internacional e é fundamental para a participação na economia mundial, da qual a internet constitui um veículo cada vez mais importante. Além disso, o conhecimento deveria ser reconhecido no seu papel de tecnologia da informação e da comunicação. Ao mesmo tempo, é fundamentalmente necessário desenvolver a capacidade de discernir as informações recebidas, se se considera a enorme quantidade de informação disponível. Este processo só pode florescer onde existe uma reconhecida hierarquia de valores. Obrigado, Senhor Presidente! |