MENSAGEM DO CARDEAL AGOSTINO CASAROLI,
Excelência Reverendíssima, Foi motivo de conforto para o Santo Padre ter conhecimento de que de 24 a 28 deste mês corrente será realizada, em Génova, a XXXII Semana Litúrgica Nacional, promovida pelo Centro de Acção Litúrgica, a qual — como já aquelas que desde o longínquo 1949 as precederam cada ano — constituirá importante ponto de encontro e de referência. Tais Semanas com efeito não se limitam a oferecer aos participantes uma inexpressiva avaliação conceitual da Liturgia, mas os levam a vivê-la e desfrutá-la com celebrações diárias, nas quais toda a assembleia participa em coro, de modo que seja depois facilitada a sucessiva reflexão teológica. O Santo Padre, além disso, apreciou particularmente a escolha do tema deste ano: "Liturgia, espírito e vida", pois julga que este compreende o coração da Liturgia. De facto, este tema realça, na acção litúrgica, aquela "passagem do Espírito Santo" na Igreja, de que fala a Constituição Sacrosanctum Concilium no n. 43; e ajudará a penetrar, através da necessária expressão dos ritos, a profunda realidade espiritual que a Liturgia celebra no mistério, e que faz depois repercutir na vida quotidiana com intensificado sentido cristão. A reforma litúrgica, tal como foi desejada e predisposta pelo Concílio, entendeu colocar premissas válidas para o reflorescimento da vida espiritual das Comunidades Cristãs e já se percebem os seus primeiros consoladores frutos, que levam a que se espere numa messe abundante em tempo muito breve. Não se pode, contudo, esquecer que a genuína orientarão conciliar foi muitas vezes desconsiderada, com atitudes, doutrinas e práticas em contraste com os princípios e as directivas da mesma reforma litúrgica. Em alguns casos minimizou-se o perigo de uma progressiva e fatal diminuição da sacralidade da Liturgia, cedendo a formas que alteram o seu significado e essência; frequentemente descuidou-se do vínculo com a tradição, com o consequente risco de trair os mesmos conteúdos da acção litúrgica; às vezes, abusando das possibilidades creativas oferecidas pelos novos ritos, pretendeu-se impor aos fiéis experiência que nada têm com as exigências de nobre simplicidade e essencialidade da liturgia da Igreja. Ao lado destes deploráveis abusos, é necessário assinalar o contributo positivo que tantas Comunidades Locais, sob a esclarecida orientação dos seus Pastores e com a salutar e solícita contribuição dos seus membros, souberam dar à progressiva realização de uma reforma litúrgica dirigida e a penetrar — segundo o espírito do Concílio e na fidelidade à Tradição — o Mistério da Salvação na vida das Comunidades Cristãs e dos fiéis dos nossos dias. Sua Santidade deseja por isso manifestar o Seu reconhecimento a todos estes autênticos agentes e colaboradores da pastoral litúrgica e exprimir o Seu paterno encorajamento a todas aquelas iniciativas como as organizadas pelo Centro de Acção Litúrgica — que concorreram, com autêntica genuinidade, para que a Liturgia se aproximasse do Povo de Deus e os fiéis se elevassem ao mistério e à linguagem litúrgica. Entre os pioneiros do movimento litúrgico italiano merece ser recordada a figura de Mons. Giacomo Moglia, que teve grande amor pela Liturgia e a ensinou e a traduziu em prática de vida, em constante e fiel sintonia com o Magistério da Igreja. O Santo Padre faz votos por que esta Semana Litúrgica, ao comemorar-lhe o centenário do nascimento, dele obtenha úteis ensinamentos e válidos estímulos para o feliz êxito dos seus trabalhos. Para confirmar estes votos e como expressão do Seu paterno apreço pela eficaz iniciativa, o Sumo Pontífice de coração concede a Vossa Excelência, ao Cardeal Giuseppe Siri, Arcebispo de Génova, aos Cardeais e Bispos presentes, aos responsáveis da manifestação e a todos os participantes, a sua Bênção Apostólica. Aproveito de bons grado a circunstância para confirmar os meus sentimentos de apreço, de Vossa Ex.cia Rev.ma Agostino Card. Casaroli
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