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DISCURSO DO PAPA BENTO XVI
À SENHORA TETIANA IZHEVSKA
NOVA EMBAIXADORA DA UCRÂNIA
JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO
DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS*

  Sexta-feira, 30 de Março de 2007

 

Senhora Embaixadora!

Recebo com prazer Vossa Excelência, por ocasião da apresentação das Cartas que a acreditam como Embaixadora Extraordinária e Plenipotenciária da República da Ucrânia junto da Santa Sé.

Agradeço-lhe as amáveis palavras que me dirigiu, assim como as saudações que me transmitiu da parte de Sua Ex.ª o Sr. Victor Yushenko, Presidente da República. Ficar-lhe-ia grato por se dignar expressar-lhe em retribuição os votos cordiais que formulo pela sua pessoa, e os meus agradecimentos pelo caloroso convite para visitar o seu lindo País, recordando-me da visita pastoral realizada pelo meu predecessor o Papa João Paulo II em 2001. Por seu intermédio, gostaria também de dirigir ao povo ucraniano os meus melhores votos de bem-estar e prosperidade.

Transcorreram quinze anos depois do estabelecimento das relações diplomáticas entre a Santa Sé e o seu País e o caminho percorrido é importante. A Ucrânia, que sempre teve uma vocação de porta entre o Oriente e o Ocidente devido à sua posição geográfica no confim oriental do continente europeu, empreendeu e intensificou, ao longo destes anos, uma política de abertura e de colaboração com os outros países do continente. A Santa Sé aprecia esta perspectiva que contribui para dar de novo à Europa a sua verdadeira dimensão, garantindo as condições para um intercâmbio frutuoso entre países do Oeste e do Leste, entre os dois pulmões culturais que forjaram a história da Europa e que marcaram sobretudo a sua história cristã. Estou certo de que a Nação ucraniana, profundamente impregnada do Evangelho na sua vida, na sua cultura e nas suas instituições, após o seu baptismo mais que milenar em Kiev, terá a solicitude de levar às outras nações o dinamismo da sua identidade, preservando as características originais. De facto, é importante, no nosso mundo cada vez mais constrangido pelas urgências da mundialização, favorecer um diálogo exigente e aprofundado tanto entre as culturas como entre as religiões, não para as nivelar a todas num sincretismo empobrecedor mas para permitir o seu desenvolvimento num respeito recíproco e trabalhar, cada um segundo o seu carisma próprio, para o bem comum.

Esta perspectiva permitirá certamente reduzir as fontes sempre possíveis de tensão e de confronto entre os grupos ou entre as nações, e garantirá também a todos as condições de uma paz e de um progresso duradouros.

Em relação a isto, alegro-me pelo bom clima das relações entre as Autoridades públicas e as Igrejas e Comunidades eclesiais que vivem na Ucrânia. Os crentes no seu País rejubilam pela liberdade religiosa, que é uma dimensão essencial da liberdade do homem, e portanto uma expressão da sua dignidade. Segundo uma justa distinção das responsabilidades próprias da esfera religiosa e da esfera civil, o Estado reconhece de facto as diferentes culturas e as diversas confissões religiosas, e garante um direito igual perante a lei, permitindo assim que cada um encontre o seu papel específico, para o bem da inteira Nação.

Uma das vocações próprias da Igreja católica expressa-se na importância que ela sempre deu à educação dos jovens, sobretudo através do apostolado dos numerosos institutos religiosos que, ao longo da história, se consagraram a esta obra. Trata-se para a Igreja de permitir que os jovens recebam uma formação sólida e integral, fundada nos princípios da ética cristã e portanto da dignidade fundamental do ser humano, criado à imagem de Deus. Eles poderão também encontrar um caminho de desenvolvimento pessoal, moral e espiritual, e serão cada vez mais capazes de assumir no futuro a sua missão na sociedade, tendo a preocupação permanente de promover o respeito pela dignidade humana através das suas diferentes expressões, nos campos da política, da economia e da bioética. A Igreja católica deseja participar activamente nesta grande missão educativa, pondo a sua experiência ao serviço de todos, em relação com as outras confissões cristãs, como disto já dá testemunho a colaboração empreendida e levada a termo no âmbito do Conselho pan-ucraniano das Igrejas e dos Organismos religiosos, para elaborar juntos um programa relativo ao ensino da ética cristã nas escolas públicas.

Desejo expressar também a minha satisfação pelo direito concedido recentemente pelo Ministério da Educação à Universidade Católica da Ucrânia de discernir o Bacharelado e a Licença em Teologia. Trata-se evidentemente de um acontecimento importante para a vida da Igreja na Ucrânia dado que, com esta decisão, as Autoridades ucranianas reconhecem à teologia o estatuto de disciplina universitária.

Permita-me ainda, Senhora Embaixadora, que saúde por seu intermédio a comunidade católica que vive na Ucrânia. Ela pertence aos dois ritos bizantino e latino e tem em si a preocupação pelo diálogo permanente entre as duas tradições oriental e ocidental, que pertencem à vida da Igreja Católica e que modelaram a história do continente europeu e do seu País. Agradeço particularmente ao Senhor Presidente da República a sua cordial atenção aos Bispos da Conferência Episcopal da Ucrânia dos Latinos que recentemente se encontraram com ele, e estou certo do compromisso de todos os católicos da Ucrânia no serviço ao bem comum do País. Sei que eles desejam testemunhar quotidianamente o Evangelho através da solidariedade com os pequenos, a vontade de construir a paz e o desejo de consolidar cada vez mais os valores da família fundada sobre a instituição do matrimónio. Conheço também o seu desejo de progredir pelo caminho da unidade com os seus irmãos ortodoxos, assim como com os seus irmãos de outras confissões cristãs. Por conseguinte, encorajo-os a mostrar-se sempre disponíveis para consolidar o diálogo ecuménico, tão necessário para superar as dificuldades e para alcançar a unidade tão desejada, a fim de dar ao mundo um testemunho mais verdadeiro da Boa Nova.

No momento em que Vossa Excelência inaugura oficialmente as suas funções, formulo os meus melhores votos pelo feliz cumprimento da sua missão. Tenha a certeza, Senhora Embaixadora, de encontrar sempre junto dos diferentes serviços da Santa Sé atenção e compreensão cordiais. Invoco de todo o coração sobre Vossa Excelência, sobre a sua família, os seus colaboradores da Embaixada, as Autoridades e o povo ucraniano, a abundância das Bênçãos divinas.


*L'Osservatore Romano n. 15 p. 9.

 

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