MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI
À DELEGAÇÃO DO PATRIARCADO ECUMÉNICO
DE CONSTANTINOPLA
Queridos Irmãos em Cristo!
Sede bem-vindos a Roma por ocasião da Festa dos Padroeiros desta Igreja, os Santos Apóstolos Pedro e Paulo. É-me particularmente grato saudar-vos com as palavras que São Paulo dirigia aos cristãos desta cidade: «O Deus da paz esteja com todos vós» (Rm 15, 32). Agradeço de coração ao Venerado irmão, o Patriarca Ecuménico Sua Santidade Bartolomeu i e ao Santo Sínodo do Patriarcado Ecuménico que quiseram enviar-vos, queridos Irmãos, como seus representantes para participar aqui connosco nesta solene celebração.
O Senhor Jesus Cristo, que depois da sua ressurreição apareceu aos seus discípulos, conferiu-lhes a tarefa de ser testemunhas do Evangelho de Salvação. Os Apóstolos cumpriram fielmente esta missão, testemunhando até ao sacrifício cruento da vida a fé em Cristo Salvador e o amor a Deus Pai. Nesta cidade de Roma os Apóstolos Pedro e Paulo enfrentaram o martírio e desde então os seus túmulos são objecto de veneração. A vossa participação nesta nossa Festa, assim como a presença de representantes nossos em Constantinopla para a Festa do Apóstolo André, expressa a amizade e a fraternidade autêntica que une a Igreja de Roma e o Patriarcado Ecuménico, vínculos que estão solidamente fundados naquela fé recebida do testemunho dos Apóstolos. A profunda proximidade espiritual que sentimos todas as vezes que nos encontramos é para mim motivo de profunda alegria e gratidão a Deus. Mas ao mesmo tempo a comunhão não completa que já nos une deve crescer até alcançar a plena unidade visível.
Seguimos com grande atenção o trabalho da Comissão mista para o diálogo teológico entre a Igreja católica e a Igreja ortodoxa no seu conjunto. A um olhar meramente humano, poderíamos ter a impressão de que o diálogo teológico procede com dificuldade. Na realidade, o ritmo do diálogo está ligado à complexidade dos temas em debate, que exigem um extraordinário compromisso de estudo, reflexão e abertura recíproca. Somos chamados a continuar juntos na caridade este caminho, invocando do Espírito Santo luz e inspiração, na certeza de que ele quer conduzir-nos ao cumprimento pleno da vontade de Cristo: que todos sejam um (Jo 17, 21). Estou particularmente grato a todos os membros da Comissão mista e em particular aos Co-Presidentes, Sua Eminência o Metropolita de Pergamo Ioannis e Sua Eminência o Cardeal Kurt Koch, pela sua incansável dedicação, paciência e competência.
Num contexto histórico de violências, indiferença e egoísmo, muitos homens e mulheres do nosso tempo sentem-se desorientados. É precisamente com o testemunho comum da verdade do Evangelho que poderemos ajudar o homem do nosso tempo a reencontrar o caminho que o leva à verdade. De facto, a busca da verdade, é sempre também busca da justiça e da paz, e é com grande alegria que constato o grande compromisso com que Sua Santidade Bartolomeu se prodigaliza sobre estes temas. Em união de intenções, e recordando o bonito exemplo do meu predecessor, o Beato João Paulo II, quis convidar os irmãos cristãos, os representantes das outras tradições religiosas do mundo e personalidades do mundo da cultura e da ciência, a participar no próximo dia 27 de Outubro na cidade de Assis a um Dia de reflexão, diálogo e oração pela paz e pela justiça no mundo, que terá como tema «Peregrinos na verdade, peregrinos na paz». O caminhar juntos pelas estradas da cidade de São Francisco será o sinal da vontade de continuar a percorrer o caminho do diálogo e da fraternidade. Eminência, queridos membros da Delegação, agradecendo-vos mais uma vez pela vossa presença em Roma nesta solene circunstância, peço-vos que leveis a minha saudação ao venerado irmão o Patriarca Bartolomeu I, ao Santo Sínodo, ao clero e a todos os fiéis do Patriarcado Ecuménico, garantindo-lhes o afecto e a solidariedade da Igreja de Roma, que hoje está em festa pelos seus Santos fundadores.
Vaticano, 28 de Junho de 2011.
BENTO PP. XVI
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