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VISITA PASTORAL DO PAPA FRANCISCO
 À PARÓQUIA ROMANA DE SÃO JÚLIO

Domingo, 7 de abril de 2019

[Multimídia]


 

ENCONTRO COM OS JOVENS

[Eleonora]:
Vossa Santidade deu de comer pessoalmente aos pobres?

Papa Francisco:

Sim, fi-lo várias vezes, é algo que todos os cristãos devem fazer, dar de comer pessoalmente aos pobres. Num momento da vida, todos nós éramos como os pobres, não sabíamos comer, foi a mãe que nos amamentou, que nos fez crescer, que nos deu de comer... Também nós! Outros não têm o que comer, nem sequer quando são adultos; crianças como tu, por exemplo, não têm o que comer porque o pai não tem um trabalho e então naquela casa há fome. Todos nós deveríamos fazer sempre este gesto de dar de comer aos outros, como Deus nos dá de comer a nós. Obrigado!

[Carlotta]:
Santo Padre, boa tarde! Sou Carlotta, tenho 20 anos e sou um dos animadores de adolescentes. Nestes meses refletimos com os jovens sobre a relação com Deus e, ao longo do percurso, surgiram algumas dúvidas. Como Jesus disse: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”; também nós, quando a vida nos põe à prova, fazemos a mesma pergunta. Como nos podemos confiar incondicionalmente a Ele? Também Vossa Santidade duvidou durante o seu percurso? Se aconteceu, como voltou a encontrar a fé?

Papa Francisco:

Obrigado! Todos, todos os homens, todas as mulheres, todas as crianças, num determinado momento, têm dúvidas; duvidar faz parte da vida. E duvidar é também um pouco pôr Deus à prova: se é verdade que Ele é fiel, se é verdade que Ele nos ouve... As nossas dúvidas surgem, por exemplo, quando há uma doença em família, ou quando vem a faltar o pai, a mãe, o avô, a avó, o irmão... “Senhor, porquê?”. Surgem sempre dúvidas. Naquele momento devemos apostar numa coisa: na fidelidade de Jesus. Jesus é fiel, é o único totalmente fiel. Somos fiéis aos amigos, mas às vezes não somos fiéis entre nós. Jesus, ao contrário, sempre! É uma fidelidade que nunca desilude; mais cedo ou mais tarde, o Senhor faz-se ouvir. Não tenhais medo das dúvidas, não tenhais receio de duvidar. Duvido, mas posso compartilhar esta dúvida com os outros, debater e assim crescer. Não tenhais medo! Tu, como responsável dos crismandos, ensina-lhes a duvidar bem, porque se não aprenderem a duvidar, farão do Crisma aquilo que alguns romanos dizem: o “sacramento do adeus”. Depois do Crisma, tudo de bom e já não nos vemos... E vão-se embora, porque não sabem como gerir as dúvidas. Ao contrário, se tu, como responsável, lhes ensinar a duvidar bem e a procurar respostas fortes e verdadeiras às dúvidas, prepará-los-á para que o Crisma não seja o sacramento do adeus, mas o Sacramento da força, que o Espírito Santo nos concede. Não sei se respondi... ou queres que diga algo mais...

[Carlotta]:
Com os jovens perguntamo-nos se também Vossa Santidade, que é o maior representante da fé, se na sua vida nunca lhe aconteceu de ter fortes dúvidas, que o puseram verdadeiramente à prova, e como conseguiu resolvê-las.

Papa Francisco:

Tive muitas dúvidas, muitíssimas! Diante das calamidades, mas também perante aquilo que tinha acontecido na minha vida. Como consegui resolver... Acho que não resolvi sozinho, nunca podemos sair sozinhos da dúvida. É necessária a companhia de alguém que te ajude a ir em frente, por isso é importante estar sempre em grupo, juntos, com os amigos... Sozinho nunca consegues. É útil também falar das dúvidas com os pais ou com os amigos, ou com um catequista... falar sempre com outra pessoa. E depois falar das dúvidas com Jesus. Certa vez ouvi alguém dizer: “Não falo com Jesus, porque Ele me arruinou a vida. Estou zangado com Jesus...”. Mas zangar-se com Jesus pode ser também um modo de rezar; significa dizer a Jesus: “Olha para isto, faz-me zangar...”. Jesus gosta de ver a verdade do nosso coração. Não finjamos diante de Jesus! Diante de Jesus é preciso dizer sempre como nos sentimos. “Tenho esta dúvida, não acredito... Tenho esta, aquela...”. Falemos assim, esta é uma bonita prece, e Ele é muito paciente, espera por nós!

Há alguns dias recebi uma carta de um jovem de aproximadamente 30 anos, o qual me dizia que depois de uma experiência de noivado fracassado estava muito angustiado. Dizia-me assim: “Estou farto!”. Sentimo-nos assim muitas vezes, dilacerados dentro, totalmente destruídos, com a grande dúvida total: que posso fazer? Olha para Jesus, queixa-te com Ele e procura um amigo, uma amiga que te ajude a levantar-te. Sempre, mesmo quando estamos no chão — e na vida todos caímos, todos — devemos ajudar quem caiu a levantar-se. E pensai que o único momento em que é lícito olhar para uma pessoa de cima para baixo é para a ajudar a erguer-se, caso contrário não se pode olhar com superioridade. Ensina também isto. Obrigado!

[Um dos animadores]:
Santidade, agora Greta e Maria Chiara gostariam de lhe entregar alguns desenhos feitos pelas crianças da Escola primária da “Piazza Forlanini”, que incluem um projeto caritativo denominado “Eccediamo” [Exageremos], que consiste em distribuir os lanches que sobraram às pessoas mais necessitadas. [Entrega dos dons — Recitação da Ave-Maria e Bênção].

Papa Francisco:

E rezai por mim! Mas vi algo estranho ali... Sabeis fazer bem o sinal da Cruz? Mostrai-me... “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, e alguns fazem assim [imita o sinal da Cruz mal feito]. Façamo-lo juntos, bem! “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. E deveis fazê-lo deste modo. Até à vista. Obrigado!

 

 



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