DISCURSO DO PAPA FRANCISCO
ÀS PARTICIPANTES NO CONGRESSO NACIONAL
DO CENTRO ITALIANO FEMININO
Sala Clementina
Sábado, 25 de Março de 2014
Queridas amigas do Centro Italiano Feminino
Por ocasião do Congresso da vossa Associação, dou-vos boas-vindas e saúdo-vos cordialmente. E agradeço à vossa Presidente as palavras com as quais introduziu este nosso encontro.
Dou graças ao Senhor, juntamente convosco, por todo o bem que o Centro Italiano Feminino realizou durante os seus quase setenta anos de vida, pelas obras que levou a cabo nos campos da formação e da promoção humana, e inclusive pelo testemunho que deu acerca do papel da mulher na sociedade e na comunidade eclesial. Com efeito, no arco destas últimas décadas, juntamente com outras transformações culturais e sociais, também a identidade e o papel da mulher, na família, na sociedade e na Igreja, conheceram grandes mudanças e, em geral, a participação e a responsabilidade das mulheres continuam a aumentar.
Neste processo foi importante também, e ainda é, o discernimento por parte do Magistério dos Papas. De maneira especial, deve ser mencionada a Carta Apostólica Mulieris dignitatem de 1988, do Beato João Paulo II, sobre a dignidade e a vocação da mulher, um documento que, em sintonia com o ensinamento do Vaticano II, reconheceu a força moral da mulher e a sua força espiritual (cf. n. 30); evoquemos também a Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1995, sobre o tema «A mulher: educadora de paz».
Recordei a contribuição indispensável da mulher na sociedade, de modo particular com a sua sensibilidade e intuição em relação ao próximo, ao frágil e indefeso; alegrei-me ao ver numerosas mulheres compartilhar algumas responsabilidades pastorais com os sacerdotes, no acompanhamento de pessoas, famílias e grupos, assim como na reflexão teológica; e formulei votos a fim de que se ampliem os espaços para uma presença feminina mais minuciosa e incisiva na Igreja (cf. Exortação Apostólica Evangelii gaudium, 103).
Estes novos espaços e responsabilidades que se abriram, e que desejo profundamente que possam ampliar-se ainda mais à presença e à actividade das mulheres, tanto no âmbito eclesial como nos contextos civil e profissional, não podem fazer esquecer o papel insubstituível da mulher na família. Os dotes de delicadeza, sensibilidade e ternura peculiares, que enriquecem o espírito feminino, representam não apenas uma força genuína para a vida das famílias, para a propagação de um clima de serenidade e de harmonia, mas uma realidade sem a qual a vocação humana seria irrealizável. E isto é importante! Sem estas atitudes, sem estes dotes da mulher, a vocação humana não consegue realizar-se!
Se no mundo do trabalho e na esfera pública é importante uma contribuição mais incisiva do génio feminino, contudo tal contributo permanece imprescindível no âmbito da família, que para nós cristãos não é simplesmente um lugar particular, mas sim aquela «igreja doméstica», cujas saúde e prosperidade são as condições para a saúde e a prosperidade da Igreja e da própria sociedade. Pensemos em Nossa Senhora: na Igreja, Nossa Senhora cria algo que não pode ser criado pelos presbíteros, bispos e Papas. Ela representa o autêntico génio feminino. E pensemos em Nossa Senhora no seio das famílias, naquilo que Nossa Senhora faz numa família. Por conseguinte, a presença da mulher no âmbito doméstico revela-se necessária como nunca para a transmissão de princípios morais sólidos às gerações vindouras e para a propagação da própria fé.
A este ponto é espontâneo interrogar-se: como é possível crescer na presença eficaz, em tantos contextos da esfera pública, no mundo do trabalho e nos lugares onde são tomadas as decisões mais importantes e, ao mesmo tempo, manter uma presença e uma atenção preferencial e totalmente especial na, e para a, família? Trata-se do campo do discernimento que, além da reflexão sobre a realidade da mulher na sociedade, pressupõe a oração assídua e perseverante.
É no diálogo com Deus, iluminado pela sua Palavra, irrigado pela graça dos Sacramentos, que a mulher cristã procura responder sempre de novo ao chamamento do Senhor, na realidade da sua condição.
Trata-se de uma prece sempre sustentada pela presença materna de Maria. Ela, que preservou o seu Filho divino, que propiciou o seu primeiro milagre nas bodas de Caná, que estava presente no Calvário e no Pentecostes, vos indique a vereda a percorrer para aprofundar o significado e o papel da mulher na sociedade e para serdes plenamente fiéis ao Senhor Jesus Cristo e à vossa missão no mundo. Obrigado!
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