Estimados amigos da Opam, bom dia, bem-vindos a todos!

Agradeço ao Presidente a saudação dirigida em nome de todos vós. É significativo que tu, Padre Robert, sejas em primeiro lugar uma testemunha, pois quando eras criança pudeste estudar graças à ajuda da Opam. Não podias imaginar que um dia estarias em Roma para dirigir esta obra... São as surpresas de Deus! Mas Deus quer precisar da nossa solidariedade!

Há pouco celebrastes 50 anos desde que o Padre Carlo Muratore deu vida a este serviço porque, na sua experiência missionária, compreendeu que uma parte essencial da evangelização e da promoção humana é a educação . Eram os anos em que Paulo VI escreveu a Encíclica Populorum progressio, indicando claramente o desenvolvimento como caminho da paz. E não pode haver desenvolvimento humano integral sem educação! Demos graças a Deus pelo zelo apostólico do Padre Carlo, pelo seu coração generoso e pela sua mente aberta. Assim como pelo seu sucessor, Padre Aldo Martini, que guiou a Obra por vinte anos, ouvindo as solicitações que vinham da realidade histórica e do magistério da Igreja. E igual gratidão vai aos colaboradores e aos numerosos voluntários e patrocinadores, que nestes 50 anos permitiram que a Opam implementasse e realizasse milhares de projetos e adoções à distância, em mais de oitenta países.

Desejo retomar o apelo da Populorum progressio. Quando relemos estes grandes documentos pontifícios dos anos 60 — o mesmo é válido para a Pacem in terris, de São João XXIII  — compreendemos como são atuais e como, infelizmente, a sua mensagem não  foi acolhida! Sim, com palavras, muitos expressaram consensos, mas na realidade o modelo de desenvolvimento não mudou até hoje. Isto significa que, apesar das numerosas e generosas obras de solidariedade realizadas a nível civil e eclesial, as causas  do subdesenvolvimento não foram eliminadas. Pois bem, o vosso trabalho visa precisamente eliminar uma das causas do subdesenvolvimento, que é exatamente o analfabetismo. Paulo VI escrevia: «A educação básica é o primeiro objetivo de um plano de desenvolvimento. A fome de educação não é, na realidade, menos deprimente do que a fome de alimentos» (n. 35). Com efeito, vi que o vosso lema recita: opam  — Pão da educação . Sim, é assim! E o Papa acrescentava: «É por isso que nos alegramos com o bom trabalho levado a cabo neste campo pelas iniciativas particulares, pelos poderes públicos e pelas organizações internacionais: são os principais promotores do desenvolvimento, porque visam tornar o homem apto a empreendê-lo como protagonista» (ibid.). Foi aqui que se inseriu o vosso trabalho!

Agora gostaria de vos dizer: o “sonho” da Populorum progressio é o mesmo da Encíclica Fratelli tutti. É o sonho da Igreja, ou melhor, o sonho de Deus, que deseja um mundo no qual todos possamos viver como irmãos e irmãs em plena dignidade. Agradeço-vos porque, com o vosso trabalho diário, cooperais para a realização deste sonho «de fraternidade e de amizade social que não se limita às palavras» (Fratelli tutti, 6). Quando vós, em colaboração com tantos missionários e missionárias que trabalham “no terreno”, estudais e realizais um projeto educativo, ou de ajuda escolar, ou adoções à distância, contribuís para «gerar um mundo aberto» (ibid., 87), onde «todos sejam acompanhados ao longo do percurso da sua vida, não apenas para suprir as necessidades básicas, mas para que possam dar o melhor de si» (ibid., 110).

Por isso, caros irmãos e irmãs, ide em frente! Procurai manter alta a qualidade da vossa ação, para que seja sempre promocional. Alimentai-a continuamente com a seiva do Evangelho, para que o Espírito Santo mantenha vivos a inspiração, as motivações e o estilo do vosso compromisso. Que Nossa Senhora vos acompanhe e vos conceda a alegria de “ir apressadamente” ao encontro de muitas situações que precisam de ajuda. Abençoo-vos de coração, bem como todos aqueles que colaboram de alguma maneira com a Opam. E peço-vos, por favor, que oreis por mim. Obrigado!