APOSTOLIC JOURNEY TO ZIMBABWE, BOTSWANA, LESOTHO,
SWAZILAND AND MOZAMBIQUE
ADDRESS OF JOHN PAUL II
AT THE CLOSING SESSION OF THE SECOND PLENARY ASSEMBLY
OF THE INTERREGIONAL MEETING OF BISHOPS
OF SOUTHERN AFRICA (IMBISA)
Convent of the Dominican Sisters, Harare
Sunday, 10 September 1988
“I shall be with you all days,
even to the end of the world” (Matth. 28, 20).
Dear Cardinals and brother Bishops,
Members of the Interregional Meeting
of Bishops of Southern Africa,
1. With confidence in Jesus’ promise to be forever with his Church, we are gathered here in Harare – in his name – at the closing session of the Second Plenary Assembly of IMBISA. We recognize that the collegial bond which unites us exists “for the nurturing and constant growth of the People of God” (Lumen Gentium, 18). Christ willed that the successors of the Apostles should be shepherds in his Church until the end of time.
It is a source of great joy for me to meet once more the bishops of the Church in Angola, Botswana, Lesotho, Mozambique, Namibia, São Tomé e Príncipe, South Africa, Swaziland and Zimbabwe. It was not possible to include all your countries in this visit. Therefore, I ask you, the bishops from Angola and São Tomé e Príncipe, from South Africa and Namibia, to convey my greetings and blessing to your priests, religious and laity, and to assure them that I look forward to being able to visit each of your countries on some future occasion. I ask you all to pray that the Lord will give me this consolation without too much delay.
Many of you have been to Rome in recent months on your ad limina visit. There, you bore witness to the joys and sorrows of your particular Churches. There, you renewed your faith and the faith of your people at the tombs of the Apostles Peter and Paul, and deepened the ecclesial communion which unites you with the Successor of Peter and with the whole Catholic and apostolic Church. My visit today is meant to be a further affirmation of the bonds of unity, charity and peace (Lumen Gentium, 22) which unite us. In tomorrow’s solemn Concelebration we shall proclaim that unity in the deepest way possible, by together offering and partaking of the very Body of Christ, which is the highest expression of our unity and its source (Cfr. ibid. 11).
2. The kingdom which the Son of God established by coming into the world has been entrusted to our Episcopal ministry. This is the measure of our responsibility. This kingdom is the realization in time of God’s eternal plan: it reveals the “wisdom” which was hidden and has now been made known through the Spirit who searches everything, even the depths of God (Cfr. 1 Cor. 2, 7-10). “The mysterious design which for ages was hidden in God” is made manifest in Christ and in his Church (Cfr. Eph. 3, 9-10; Col. 1, 26-27).
Our Episcopal ministry is inseparable from the mystery of Christ and of the Church. The Second Vatican Council reminds bishops that they have been “appointed by the Holy Spirit... sent to continue throughout the ages the work of Christ, the eternal pastor... made true and authentic teachers of the faith, pontiffs, shepherds” (Christus Dominus, 2). In this time and place you have been called to be the “servants of Christ and administrators of the mysteries of God”(1Cor. 4, 1) in Southern Africa, in each of the countries represented in IMBISA.
3. Na vossa primeira Assembleia Plenária propusestes-vos como objectivo discernir a missão profética da Igreja, na complexa e variada realidade social, cultural e política da região. Propusestes-vos tornar mais conhecido o ensino social da Igreja, de maneira que esta região possa tomar uma nova orientação, inspirada no Evangelho. Nessa ocasião escrevi-vos, para reafirmar a doutrina da Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi” do Papa Paulo VI, sobre a validade perene da mensagem do Evangelho, pelo que diz respeito ao homem, na complexidade de sua existência. Quis desse modo ajudar-vos e encorajar-vos, na vossa solicitude pastoral por todo o povo da África Austral, e recordar que toda a forma de ministério e de serviço na Igreja deve ser uma expressão do amor que está no Coração de Jesus, um amor que abraça todos os homens e mulheres na sua única realidade humana.
Na Segunda Assembleia Plenária quisestes reflectir ulteriormente sobre o vosso ministério, à luz do tema que vos tínheis proposto: a dignidade da pessoa humana. E se bem que a vossa reflexão parta de uma penosa visão e experiência das muitas formas com que a dignidade humana é negada e violada entre os vossos povos, ela verifica também com agrado muitas formas de fraternidade, de solidariedade e de sede genuína de justiça, que mesmo no meio de dificuldades, preocupam os corações e as vidas de muitos.
4. Numerosos povos olham hoje para a Igreja na esperança de que ela lhes mostre como é que se poderá viver a vida com maior dignidade e liberdade, como se poderá construir una sociedade mais justa e humana e como se poderá alcançar e defender a paz com maior eficiência. Numa palavra, o mundo olha para a Igreja à procura de um testemunho convincente da salvação total oferecida por Cristo. O caminho do testemunho da Igreja está exposto nos Documentos do Concilio Vaticano II. Os seus frutos constituem a grande graça e o dom que o Espírito Santo oferece ao Povo de Deus peregrino nas presentes circunstãncias da sua caminhada terrena.
O Sínodo Extraordinário dos Bispos de 1985 focou algumas das dificuldades deste período pós-conciliar. Mas deu também indicações válidas para promover o implemento do Concílio “em continuidade com a longa tradição da Igreja” (Synodi Extr. Episc. 1985 Relatio Finalis, 1, 5). O Sínodo apela para uma maior difusão e compreensão, nas Igrejas particulares, dos ensinamentos do Concílio e para um discernimento mais correcto entre a legítima abertura ao mundo e a aceitação da mentalidade secularizada do mesmo mundo e a hierarquia dos valores (Cfr. ibid. 1, 4).
5. Passo a referir brevemente alguns pontos salientes do ministério da Igreja:
É fundamental para a autoconsciência da Igreja, conforme foi expresso pelo Concílio, que ela se capacite de sua chamada à santidade.
A Igreja é santa porque Cristo se entregou a si mesmo por ela, para a santificar (Cfr. Eph. 5, 25-26). Mas os seus membros, se bem que pela fé e pelo Baptismo comecem a participar dessa santidade, devem todavia ratificar ainda mais amplamente a sua condição de filhos adoptivos de Deus e de discípulos do Senhor, até “alcançarem a medida da plena estatura de Cristo” (Cfr. ibid. 4, 13). Devem esforçar-se por possuir os frutos do Espírito na santidade (Cfr. Gal. 5, 22; Rom. 6, 12). O testemunho da Igreja diante do mundo só será verdadeiramente convincente quando a santidade de vida – que é “a perfeição da caridade”(Lumen Gentium, 40) – se manifestar claramente concretizada em homens e mulheres santos.
Daqui a alguns dies, no Lesotho, participaremos na beatificação do Padre José Gerard. Este acto, que será um reconhecimento público da santidade deste filho de Deus, não é simplesmente mais um acontecimento no decorrer da minha visita. Na realidade, ele será o fulcro do significado espiritual da mesma visita. A fidelidade a Cristo, claramente exemplificada no longo serviço missionário do Padre José Gerard na África do Sul e no Lesotho, é a essência da vida eclesial e do nosso próprio ministério. A linha que vai da santidade à evangelização é directa, como testemunha a história da mesma evangelização em todos os tempos. E se bem que seja Deus quem faz crescer (Cfr. 1Cor. 3, 6), ao apóstolo compete plantar e regar como “fiel colaborador de Deus” (Io. 17, 21) até que a messe esteja madura. A fidelidade do apóstolo a Deus, com a graça de Cristo, é uma condição para que a Igreja produza frutos abundantes.
6. The Church’s pastoral endeavours, even those which clearly manifest her preferential option for the poor and most neglected, will be ineffective unless they are grounded in the evangelizer’s own untiring search to progress in Christian holiness. According to Jesus, the disciple’s union with the Father and the Son is essential “so that the world may believe” (Io. 17, 21). That is what the bishops of the Council and the Fathers of the Extraordinary Synod proposed for the present circumstances of the Church and of the world. This is what you must proclaim to the priests, religious and laity of your particular Churches. This is what we must proclaim together in the College of Bishops. Certain statements of the Extraordinary Synod which perhaps did not receive sufficient publicity merit repetition. The Final Report says: “Today we have tremendous need of saints, for whom we must assiduously implore God... In our day above all, when so many people feel an interior void and spiritual crisis, the Church must preserve and energetically promote the sense of penance, prayer, adoration, sacrifice, self-giving, charity and justice” (Synodi Extr. Episc. 1985 Relatio Finalis, II, A, 4).
7. Fidelity to Christ is also the motivating force of all evangelization. The Church exists to evangelize (Cfr Lumen Gentium, 17; Ad Gentes, 1). As the “universal sacrament of salvation”, she is impelled by her own catholic nature to preach the Gospel to all peoples. And the “plantatio Ecclesiae” (Ad Gentes, 6) throughout this Southern African region is far from complete. The calls made on her to respond to so many immediate needs and emergencies of a humanitarian and social nature must not cause her to forget the Lord’s specific command: “Go therefore and make disciples of all nations, baptizing them in the name of the Father and of the Son and of the Holy Spirit” (Matth. 28, 19).
I encourage you to continue to face with courage and wisdom the challenge of the evangelization of Africa. Africa needs the Gospel of Jesus Christ. Southern Africa thirsts for his kingdom of “righteousness, faith, love and peace” (2 Tim. 2, 22). If asked what is the Church’s overriding concern in Southern Africa, we should not hesitate to say: The Church is here to proclaim salvation in Jesus the Lord, “for there is no other name under heaven given among men by which we must be saved” (Act. 4, 12). The primary task of each of the particular Churches over which you preside is to evangelize, so that “all things can be restored in Christ, and in him mankind can compose one family and one people” (Ad Gentes, 1).
8. In every age and in every place the preaching of the Gospel is made more difficult by divisions among Christians. This is a painful fact, and it goes against the explicit will of Jesus who founded the Church as the sign and instrument of universal unity (Cfr. Lumen Gentium, 1). To improve relations between the different Christian Churches and Ecclesial Communities is a pressing concern of our Episcopal ministry. It is a task that is not always easy, since there exist fundamental differences regarding the essential content of the faith. But the Catholic Church is irrevocably committed to the cause of a genuine ecumenism which acknowledges the action of the Spirit of Christ wherever it appears; she knows that it is the Spirit who urges all Christ’s disciples to embrace the fullness of the means of grace and truth (Cfr. Unitatis Redintegratio, 3).
One of the important tasks is to educate the faithful in respectful ecumenical collaboration, without compromising the fullness of the Catholic faith, while avoiding any sense of rivalry in the apostolate. I know that IMBISA and the individual Conferences are already deeply engaged in this work.
9. A Constituição dogmática sobre a Igreja ensina expressamente que existe uma estreita ligação entre a santidade de vida e a promoção de uma sociedade mais humana (Cfr. Lumen Gentium, 28). Não existe oposição entre a chamada da Igreja à fé e o seu empenhamento no serviço do amor e da justiça. “O amor que impele a Igreja a comunicar a todos os povos a participação gratuita na vida divina impele-a também... a buscar o verdadeiro bem temporal dos homens... e a promover uma libertação integral de tudo aquilo que pode impedir o desenvolvimento das pessoas. A Igreja quer o bem do homem em todas as suas dimensões: em primeiro lugar, como membro da cidade de Deus; e depois, como membro da cidade da terra” (Congr. Pro Doctr. Fidei Libertatis Conscientia, 63). Estes dois objectivos entram na sua missão, mas de maneira diferente (Ibid. 64). Completam-se mutuamente, mas um não pode ser reduzido ao outro. É preciso que haja sempre um anúncio explícito de que em Jesus Cristo a salvação é oferecida a todos os homens, como dom do amor de Deus misericordioso.
10. No vigésimo aniversário da Encíclica de Paulo VI “Populorum Progressio”, achei por bem publicar a Encíclica “Sollicitudo Rei Socialis”, sobre o desenvolvimento social no actual momento histórico, como um apelo às consciencias (Cfr. Ioannis Pauli PP. II Sollicitudo Rei Socialis, 4). O Papa Paulo VI resumiu o anelo que o mundo tem pela justiça nesta frase: “o desenvolvimento é o novo nome da paz” (Cfr. Pauli VI Populorum Progressio, 87; Cfr. Ioannis Pauli PP. II Sollicitudo Rei Socialis, 10). Os esforços em prol do desenvolvimento devem inspirar-se em princípios éticos; e é por isso que a Igreja tem o dever de proclamar as exigências do Evangelho sob a forma da Doutrina Social Cristã, que compreende a promoção da justiça e da paz entre os povos, a defesa da dignidade do homem o os direitos sociais, culturais e morais da pessoa humana. Os membros da Igreja, têm o dever de fazer com que este ensinamento impregne as realidades da vida quotidiana.
Vós estais justamente preocupados com os sofrimentos causados pelos conflitos nesta região, com o entrincheiramento de posições ideológicas (Cfr. Ioannis Pauli PP. II Sollicitudo Rei Socialis, 20), e com o deterioramento da situação sócio-económica nos vossos países. A discriminação racial, os conflitos que causam um número sempre crescente de refugiados, a morte de pessoas inocentes e outras formas de violência são evidentemente um mal moral. Tudo isso é fruto de pecados pessoais; a cumplicidade ou indiferença dos indivíduos conduziu a “estruturas de pecado” permanentes nas vossas sociedades.
Cada Igreja particular e a Igreja em cada país é encorajada a promover uma resposta cristã aos problemas da justiça e da paz, apresentando o ensinamento social da Igreja e fomentando o diálogo e o desenvolvimento. No mesmo ano em que escreveu a “Populorum Progressio”, o Papa Paulo VI instituiu a Pontifícia Commissão “Justitia et Pax”, para estudar estes problemas e para estimular o Povo de Deus a um maior empenhamento nestes campos. O Simpósio “Justiça e Paz” da IMBISA que realizastes em 1987, e o Seminário Pan-Africano sobre a Justiça e a Paz da SECAM, organizado pela IMBISA em Junho do corrente ano, representam um passo em frente importante, no serviço da Igreja em prol da paz e do desenvolvimento na África. De igual modo, o trabalho do Secretariado para as Comunicações Sociais da IMBISA, dando maior amplitude a cada Conferência no uso dos meios de comunicação na evangelização e desenvolvimento merece o vosso encorajamento e ajuda. Que Deus vos inspire, amados Irmãos Bispos, a permanecerdes pessoalmente vigilantes e responsáveis em relação a estes esforços; e que Ele mantenha os vossos colaboradores firmes na fidelidade aos ensinamentos da Igreja e à suprema lei do amor, pela qual é regido todo o serviço na Igreja.
Em particular quero fazer-vos aqui um apelo a continuardes a procurar as vias para ajudar os refugiados e os deslocados nos vossos países. Eles perderam tudo, inclusive muitas vezes as suas famílias e os seus entes queridos. Os seus direitos com frequência foram violados e a sua dignidade humana ofendida. São dignos de especial encómio aqueles Sacerdotes e Religiosas que compartilham a vida e as dificuldades dos refugiados, a fim de acudir às suas necessidades espirituais e materiais. A comunidade eclesial sozinha não pode resolver os problemas dos refugiados ou aliviar todos os sofrimentos que daí se seguem. Mas pode e deve procurar corresponder com amor a esta tragédia. Quem receber um destes irmãos e irmãs em nome de Cristo atrai as bênçãos de Deus sobre a terra (Cfr. Marc. 9, 37).
11. Cada um dos países aqui representados constitui uma grande esperança para a Igreja. Sinto-me animado a repetir as palavras de São Paulo: “Alegro-me, pois, de poder contar, em sudo, convosco” (2Cor. 7, 16). Uma vez que nos próximos dies terei outros encontros com os Irmãos Bispos do Zimbabwe, Botswana, Lesotho, Suazilândia e Moçambique, seja-me permitido dirigir agora uma mensagem especial aos Irmãos Bispos de Angola, são Tomé e Príncipe, África do Sul e Namíbia.
12. Senhor Cardeal Nascimento e veneráveis Irmãos Bispos de Angola:
Começo por certificar-vos de que vós estais sempre presentes no meu pensamento e nas minhas orações ao Altíssimo, a implorar que Aquele que começou em vós a boa obra, tão excelente, a leve até ao fim (Cfr. Phil.- 1, 6). Recordo-me bem da vossa visita ad Limina em Maio de 1986, quando compartilhastes comigo esperanças e aspiraçoes vossas e das gentes da vossa terra, bem como provaçoes e sofrimentos.
Reafirmo aqui tudo o que vos disse nessa ocasião, acerca da minha proximidade espiritual em relação a vós e aos vossos Sacerdotes, que, apesar dos muitos obstáculos, continuam a “prolongar” o Bom Pastor, alimentando as comunidades cristãs com o Pão da Vida e a Palavra da salvação. Exorto-vos a continuardes a assistir muito de perto os vossos Sacerdotes, que são “a porção escolhida” dos vossos rebanhos. Orientai-os na sua vida e ministério sacerdotal, como verdadeiros pais e mestres espirituais; e esforçai-vos por os ajudar nas suas dificuldades, tendo presente sobretudo o bem das almas.
Confio-vos que sejais portadores da expressão do meu apreço e da minha gratidão a todos os Religiosos e Religiosas, tanto os nativos de Angola como os de outras nações, que se dedicam sem reservas ao serviço da comunidade da fé e da sociedade. Estou muito desejoso de poder falar-lhes directamente, num próximo futuro, para lhes dizer quanto a Igreja e o Papa apreciam a sua coragem, perante tantas adversidades, e reconhecem o valor da sua fidelidade ao Senhor “no meio de muitas dificuldades, com a alegria infusa pelo Espírito Santo” (1Thess. 1, 6).
Aos catequistas e aos leigos, homens e mulheres, que se mostram cada vez mais activos na comunidade eclesial, à juventude, que é particularmente atingida pelas presentes dificuldades, aos doentes, às vítimas da guerra e a todos os necessitados, peço-vos que leveis uma palavra de encorajamento da minha parte.
Constitui objecto da minha oração ardente que a Igreja em Angola, começando por vós, Bispos, se mantenha intimamente unida numa profunda comunhão de fé e de solidariedade; e que vós vos ampareis uns aos outros na mesma esperança a que fostes chamados (Cfr. Eph. 4, 4).
Alguns acontecimentos recentes dão-nos razões suficientes para esperar que a missão pastoral da Igreja, inclusive as actividades sociais e culturais a favor do povo, continuarão a processar-se num clima de maior compreensão e de subsidiariedade mais eficaz. Em Setembro do ano passado senti grande alegria ao receber no Vaticano a visita de Sua Excelência o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, e de outros membros do Governo de Angola. Mais recentemente, o Senhor Cardeal Roger Etchegaray fez uma visita ao vosso País em meu nome, a qual incluiu encontros úteis com o mesmo Presidente e com outras Autoridades angolanas. É de esperar que se possam efectuar contractos mais regulares, entre os membros da Conferência Episcopal e as Autoridades políticas, em espírito de diálogo e de colaboração. Com tudo isso, a Igreja quer somente dispor de espaços de liberdade para continuar a sua missão de reconciliação entre os povos e de reconciliação do homem com Deus. É seu desejo servir a causa da dignidade humana na verdade e na liberdade.
Asseguro-vos, amados Irmãos no Episcopado, que rezo constantemente para que as causas que estão por detrás dos conflitos em curso no vosso País possam ser esclarecidas nos colóquios que estão a desenrolar-se e que se encontrem soluções para as remover e iniciar uma nova era de paz e de serenidade para o Povo angolano.
Convencido de que “Deus suprirá a todas as vossas necessidades, com magnificência proporcionada à sua riqueza, em Jesus Cristo” (Phil. 4, 19), rezo para que a fé, profunda e espontânea, do vosso povo seja ulteriormente consolidada através das provaçõe que ele foi chamado a enfrentar. Confio a Igreja em Angola à intercessão de Maria Santíssima, Rainha da Paz.
13. Queria também confiar ao Senhor Dom Abílio Ribas que transmita as minhas saudações aos fiéis da sua dilecta Diocese de São Tomé e Principe. Sua Excelência o Senhor Presidente da República, Dr. Manuel Pinto da Costa, convidou-me com amabilidade para visitar o seu País; e eu aguardo com interesse essa possibilidade.
Sei que o Senhor Bispo acalenta no coração a esperança de poder dotar com clero nativo a circunscrição eclesiástica e que para isso está empenhado na construção de um seminário local. Peço ao Senhor que o ampare em todos os seus esforços pastorais e que abençoe todos os Missionários, Sacerdotes, Religiosos e Religiosas, que compartilham o seu ministério de graça e de paz em Nosso Senhor Jesus Cristo.
14. Dear Cardinal McCann and brother Bishops of South Africa,
A great part of your pastoral ministry consists in promoting a Christian response to the divisions existing within your society. The question of apartheid, understood as a system of social, economic and political discrimination, engages your mission as teachers and spiritual guides of your flocks in a necessary and determined effort to counteract injustices and to advocate the replacement of that policy with one consistent with justice and love. I encourage you to continue to hold firmly and courageously to the principles which are at the basis of a peaceful and just response to the legitimate aspirations of all your fellow-citizens.
I am aware of the attitudes expressed over the years by the Southern African Catholic Bishops’ Conference, from the first corporate statement of 1952. The Holy See and I myself have drawn attention to the injustices of apartheid on numerous occasions, and most recently before an ecumenical group of Christian leaders from South Africa on a visit to Rome. To them I recalled that “since reconciliation is at the heart of the Gospel, Christians cannot accept structures of racial discrimination which violate human rights. But they must also realize that a change of structures is linked to a change of hearts. The changes they seek are rooted in the power of love, the Divine Love from which every Christian action and transformation springs” (Ioannis Pauli PP. II Ad quosdam seiunctos fratres ex Africa, 3, die 27 maii 1988: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XI, 2 (1988) 1661).
As you call for progress towards the recognition of the rights of all South Africans and their full participation in the life of their country, you find yourselves caught up in the current dramatic confrontation between opposing positions. It is important that you should keep your determination to find a solution through a dialogue sustained by prayer. You must be fully convinced that only a negotiated settlement of differences can bring true peace and justice. A loss of confidence in the possibility of a peaceful solution could easily lead to further frustration and violence, increasing the threat to peace, not limited to this region.
The programme of pastoral planning which you have initiated seeks to involve the faithful of each local community in a process of building their unity in Christ and applying the teachings of the Gospel to their own situation. In this regard I would make reference again to the great need of the present hour of which I spoke to you during your ad limina visit last November: “The mobilization of the whole ecclesial community in the spirit of the Gospel – which is the spirit of conversion of individual hearts – with the weapons of the Gospel, to bring about in the power of the Gospel the Christian transformation of society” (Ioannis Pauli PP. II Allocutio ad episcopos regionis Africae Meridionalis occasione oblata visitationis 'ad limina' coram admissos, 4, die 27 nov. 1987: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, X, 3 (1987) 1220).
As bishops, you must take steps to ensure that the one Catholic Church, in the unity of her faith, sacraments and hierarchical order, will always be present in these communities. You must also ensure that – as the 1985 Synod pointed out – a clear distinction is made between legitimate pluriformity and divisive pluralism: “When pluriformity is true richness... this is true catholicity. The pluralism of fundamentally opposed positions instead leads to dissolution destruction and the loss of identity” (Synodi Extr. Episc. 1985 Relatio Finalis, II, C, 2).
Dear brothers, as you strive to promote authentic reconciliation among the peoples of South Africa, as the only path to a just and peaceful society, it is extremely important to emphasize the need for the Sacrament of Reconciliation. Without a renewed emphasis on this sacrament, without vigorously promoting it in your local Churches, your efforts in reconciling human hearts would be incomplete. But through the sacramental ministry of individual Confession, a whole new power of reconciliation in the Blood of Christ is unleashed throughout your land.
As servants of the Gospel, you scrutinize the “signs of the times” in the light of your prophetic and priestly office. Today those “signs” are accompanied by much pain and anguish. The bishops gathered from around the world at the Extraordinary Synod saw this as a universal phenomenon: “Today, in fact – they wrote – everywhere in the world we witness an increase in hunger, oppression, injustice and war, sufferings, terrorism and other forms of violence of every sort. This requires a new and more profound theological reflection”. Far from merely offering a condemnation of this negative picture, the bishops of that Synod expressed the belief that “in the present difficulties God wishes to teach us more deeply the value, the importance and the centrality of the Cross of Jesus Christ. Therefore – they conclude – the relationship between human history and salvation history is to be explained in the light of the Paschal Mystery” (Synodi Extr. Episc. 1985 Relatio Finalis, II, D, 2). Truly, the Cross and Resurrection of Jesus Christ are the sure basis of our hope (Cfr. 1 Petr. 1, 3) and “the foundation and the measure of all liberating action” (Congr. Pro Doctr. Fidei Libertatis Conscientia, 3).
15. Dear Bishops Hauxiku and Schlotterback,
I assure you and the Catholic faithful of Namibia that your sufferings and hopes for a better future are the object of my deep concern and constant prayer. The theme of this visit, “Human rights: the dignity of the human person”, is immediately relevant to the painful situation being experienced by the people of Namibia. The international community has expressed itself clearly and forcefully in favour of their right to self-determination. The Holy See has fully supported this legitimate aspiration and encourages the parties involved in the negotiations currently taking place not only to arrive at a swift and positive recognition of Namibia’s right to sovereignty and independence, but also to take the steps necessary to make this at long last a reality.
We hope that the authorities concerned will be moved by the longstanding sufferings of the peoples of the area to do everything possible to remove the remaining obstacles to a final settlement of this question with justice for all. We must always remember that there can be no true solution without fraternal love. Hatred is the first enemy of justice and peace.
The Church is already active through her educational and charitable works, and she embraces the challenge of helping to build up the national community in true harmony. The important ecumenical collaboration already taking place between the Catholic, Lutheran and Anglican communities in Namibia constitutes a solid hope of even greater cooperation in the future.
16. Dear members of IMBISA: in conclusion I would underline the concern that is at the heart of my conversation with you. The task of evangelization and service calls for spiritual renewal at every level of the Church. The Council’s Decree on Missionary Activity reminds us that fervour in the service of God and charity towards others are needed to “cause new spiritual inspiration to sweep over the whole Church: Then she will appear as a sign lifted up among the nations, (Cfr. Is. 11, 12) ‘the light of the world’ (Matth. 5, 14), and ‘the salt of the earth' (Ibid. 5, 13)". (Ad Gentes, 36). As we approach the Third Millennium this is the true measure of the challenge facing the Church in each of your countries.
It is my constant prayer that Mary, Mother of the Church and Queen of Peace, will support you with her loving care. We, the pastors, will fulfil our essential role – on condition that, like Mary, we show ourselves to be the humble servants of the Lord (Cfr. Luc. 1, 38).
May God bless you and the Churches over which you preside in love. The peace of Christ be with you all!
A paz de Cristo esteja com todos vós!
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