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VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE AO BRASIL
(30 DE JUNHO - 12 DE JULHO DE 1980)

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AOS REPRESENTANTES
DA IGREJA ORTODOXA NO BRASIL

São Paulo, 3 de Julho de 1980

 

Amados irmãos em Cristo

1. Em nome do Senhor Jesus e dando graças por ele a Deus Pai (cf. Col 3,17) venho a este encontro convosco, dignos representantes da Igreja Ortodoxa no Brasil. Não preciso dizer-vos quanto fico feliz por esta oportunidade, no quadro de minha peregrinação apostólica pelo Brasil. Alegra-me observar pessoalmente que neste país que vos acolheu, vossas relações e vossa colaboração com a Hierarquia, o Clero e o povo católico vêm crescendo tanto mais quanto mais as duas Igrejas, Católica e Ortodoxa, se olham de novo à luz de Cristo e se redescobrem cada vez mais profundamente como Igrejas irmãs. Elas descobrem também as exigências que este fato comporta na acção pastoral de uma e outra.

2. Regressando de minha visita fraterna ao Patriarcado ecuménico, tive ocasião de ressaltar que a preocupação para com aquilo que, com muito acerto, se tem chamado o diálogo da caridade, devia tornar-se uma componente necessária dos programas pastorais de cada uma de nossas duas Igrejas, a católica e a ortodoxa O aprofundamento desta atitude fraternal, a intensificação das relações recíprocas e da colaboração entre as Igrejas criam o ambiente vital, se assim me posso exprimir, no qual pôde nascer e deve desenvolver-se o diálogo teológico até chegar a resultados que o povo cristão estará preparado para acolher. Ninguém está dispensado deste esforço. O Concílio Vaticano II o declarou com firmeza, no que concerne aos Católicos (cf. Unitatis Redintegratio, 4). O mesmo Concílio dedicou especial atenção à colaboração dos católicos com seus irmãos ortodoxos, que deixando o Oriente, vieram estabelecer-se em Países distantes da pátria de origem (cf. Ibid., 18). É justamente o que acontece aqui no Brasil, e por isso, católicos e ortodoxos são chamados a contribuir activamente para o bom êxito desta nova fase da nossa caminhada rumo à plena comunhão.

3. Também na situação brasileira, com uma urgência e uma amplidão que exigem a mais estreita colaboração entre as Igrejas, impõe-se que estas se coloquem juntas a serviço do homem. Estou certo de que não faltará essa colaboração. A luz e a força do Alto nos assistam sempre neste empreendimento, nos torne uns e outros fervorosos na oração, assíduos no conhecimento da outra Igreja, zelosos em conservar a própria identidade religiosa, respeitosos da identidade da outra.

Sem isso, ou não há diálogo ou o diálogo se revelará logo vazio e inconsistente senão falsificado.

Aqui renovo a expressão de minha admiração pelas grandes e notáveis tradições da Igreja Ortodoxa: a qualidade de seus doutores, a beleza majestosa de seu culto, o valor de seus santos, o fervor da vida monástica, como já o disse adequadamente o Concílio Vaticano II (cf. Ibid, 14-18).

Renovo a expressão de minha gratidão pelo encontro de hoje, e vos asseguro da minha profunda caridade fraterna, da minha respeitosa estima e da minha união na oração.

 



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