DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AO SENHOR MARK EVELYN HEATH
PRIMEIRO EMBAIXADOR DA GRÃ-BRETANHA
JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO
DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS
Quinta-feira, 1 de Abril de 1982
Senhor Embaixador
É-me grato receber Vossa Excelência como Enviado Extraordinário e Embaixador Plenipotenciário de Sua Majestade a Rainha Isabel II. A hodierna apresentação das suas Credenciais, juntamente com o facto de ter sido acreditado o primeiro Pró-Núncio Apostólico junto da Corte de São Jaime, determina um momento histórico nas relações entre a Santa Sé e a Grã-Bretanha. Apresenta-se como sinal da compreensão e boa vontade, que distinguem as nossas relações diplomáticas, e oferece motivo para esperar numa colaboração ainda mais estreita no futuro.
Aprecio a cordial saudação que me transmitiu da parte de Sua Majestade e peço queira afirmar-lhe a minha pessoal consideração e a mais elevada estima. Recordando a rica tradição cultural do seu país e o contributo especial que ele deu à história da civilização, espero com antecipada alegria a visita a Sua Majestade e ao povo da Grã-Bretanha dentro em breve.
A minha iminente viagem ao seu país é principalmente de natureza religiosa, uma visita pastoral aos membros da Igreja Católica. Aguardo também com antecipado gosto a feliz oportunidade de me encontrar com o Arcebispo de Canterbury, o Moderador da Igreja da Escócia, e outras eminentes personalidades eclesiásticas. Estes encontros, juntamente com as orações de tantas pessoas, favorecerão sem dúvida o grande trabalho ulterior de promoção da unidade entre os Cristãos.
Aprecio a sua referência aos recentes acontecimentos na Polónia e o seu profundo interesse pelo bem-estar do povo polaco. Vossa Excelência também lembra a necessidade vital de que termine a violência na Irlanda do Norte e a importância de serem salvaguardados os direitos humanos em todos os países do mundo. E uma triste realidade do nosso tempo, o facto de os direitos humanos fundamentais não serem respeitados e garantidos em toda a parte. A discriminação social e cultural ainda existe em demasiadas formas, e muitas pessoas estão privadas da verdadeira liberdade de consciência e do direito de praticar a própria religião até na sua pátria. Não podemos permanecer em silêncio perante tais injustiças. Enquanto os fundamentais direitos humanos forem negados em algumas nações, a paz internacional não pode ser duradoura porque um laço humano fundamental liga o destino dos povos de cada nação. Por conseguinte nenhum país pode gozar plenamente da sua própria liberdade sabendo que noutros países a dignidade da pessoa humana está sendo violada.
Desejo assegurar-lhe, Senhor Embaixador, que pode estar certo do permanente interesse e da assistência da Santa Sé no cumprimento da sua missão, e para Sua Majestade, o Governo e todo o seu povo, invoco as bênçãos de Deus.
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