DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AO SENHOR SIMÉON AKÉ NOVO EMBAIXADOR
DA COSTA DO MARFIM JUNTO DA SANTA SÉ
POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO
DAS CARTAS CREDENCIAIS
3 de Março de 1997
Senhor Embaixador!
É-me grato dar-lhe as boas-vindas ao Vaticano, onde tenho o prazer de acolher Vossa Excelência por ocasião da apresentação das Cartas, que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República da Costa do Marfim junto da Santa Sé.
Sensibilizaram-me os sentimentos cordiais de Sua Excelência o Senhor Presidente Henri Konan Bédié, de quem Vossa Excelência se fez intérprete. Da minha parte, ser-lhe-ia grato por Lhe transmitir os votos ardentes que formulo para a sua pessoa e para o desempenho da sua alta missão ao serviço dos seus compatriotas. Envio também as minhas calorosas saudações ao povo da Costa do Marfim e aos seus dirigentes, e peço a Deus que acompanhe os esforços de cada um nos caminhos do desenvolvimento integral e da prosperidade da nação, na concórdia e na solidariedade.
No seu discurso, Vossa Excelência houve por bem exprimir a adesão da Costa do Marfim à edificação duma sociedade harmoniosa, respeitosa da diversidade cultural e religiosa da sua população e acolhedora de todos. O reconhecimento mútuo e a compreensão entre todos os componentes da nação são, com efeito, uma condição essencial da paz social e do verdadeiro desenvolvimento do país. Quanto às injustiças e às rejeições do outro, elas produzem desentendimentos que levam, em geral, ao conflito e à ruína. Uma democracia autêntica, que respeita o pluralismo e está fundada sobre o diálogo, assim como sobre os valores africanos de vida comunitária e de partilha, não pode deixar de consolidar a unidade nacional e o Estado de direito.
Alegro-me pelo empenho da Costa do Marfim em promover a paz na sua região. O diálogo e a negociação constituem a única via segura para apaziguar as tensões e resolver os conflitos. Ainda que o continente africano conheça eventos dramáticos, não se pode senão desejar ardentemente ver em toda a parte o recurso aos meios pacíficos e a superação da violência para resolver as contendas, a fim de que as armas se calem e os povos conheçam o tempo da paz e da prosperidade.
Como foi sublinhado no seu amável discurso, Senhor Embaixador, a missão universal da Igreja leva-a a trabalhar para a concórdia entre as nações e entre as pessoas. Na minha mensagem para o Dia Mundial da Paz, escrevi que, neste mundo ferido pela guerra, «são muitos, certamente, os factores que podem influir favoravelmente no restabelecimento da paz, salvaguardando os imperativos da justiça e da dignidade humana. Mas nenhum processo de paz poderá jamais ter início, se não maturar nos homens uma atitude de sincero perdão» (Mensagem para o Dia Mundial da Paz – 1997, n. 1). O perdão e a reconciliação são os caminhos que permitem consolidar os vínculos de solidariedade das pessoas e dos povos. É desta solidariedade que nascerá a paz. Como não desejar que se estabilize por fim, em toda a parte, uma verdadeira «civilização do amor»!
A sua presença no Vaticano, como Embaixador, depois da longa e estimada missão do Senhor Embaixador Joseph Amichia, testemunha a importância que a sua nação quer dar às motivações de ordem espiritual e religiosa, nos seus projectos de desenvolvimento da sociedade e crescimento das pessoas. Com efeito, «só surgirá um mundo melhor, se for construído sobre os alicerces sólidos de sãos princípios éticos e espirituais» (Ecclesia in Africa, 114). As suas nobres palavras testemunham o espírito com que Vossa Excelência se propõe realizar a alta missão que lhe é atribuída, contribuindo ainda mais para aprofundar as relações já antigas que unem a Costa do Marfim e a Santa Sé.
Permita-me, Senhor Embaixador, aproveitar esta ocasião para saudar, por seu intermédio, a Igreja católica na Costa do Marfim, que conheceu recentemente o desenvolvimento e a consolidação das suas estruturas. Conservo presentes no meu pensamento e na minha oração os seus Pastores e os seus fiéis, na feliz recordação das minhas visitas ao seu país. Dado que estamos empenhados na preparação imediata do grande Jubileu do Ano 2000, encorajo-os vivamente a redescobrir as exigências do seu baptismo, que é o fundamento da sua unidade em Cristo. Convido-os também, numa colaboração sincera com os seus compatriotas, a tomarem parte com coragem na edificação da nação, no direito e na justiça, procurando sempre a unidade e a fraternidade entre todos os cidadãos.
No momento em que Vossa Excelência começa oficialmente a sua missão junto da Sé Apostólica, apresento-lhe os meus melhores votos para o seu feliz desempenho. Esteja certo de que encontrará sempre aqui um acolhimento atento e uma compreensão cordial da parte dos meus colaboradores.
Sobre Vossa Excelência, sobre a sua família, assim como sobre o povo da Costa do Marfim e os seus dirigentes, invoco de todo o coração a abundância das Bênçãos divinas.
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