DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AO CONSELHO SUPERIOR
DAS PONTIFÍCIAS OBRAS MISSIONÁRIAS
6 de Junho de 1998
Venerados Irmãos no Episcopado
e no Sacerdócio Caríssimos Irmãos e Irmãs!
1. Na conclusão da vossa anual Assembleia geral desejastes, como no passado, encontrar-me, e é para mim uma grande alegria acolher-vos e apresentar-vos a minha saudação cordial. A ocasião é-me propícia para vos exprimir um vivo agradecimento pela incansável e intensa obra que realizais ao serviço da Igreja missionária. Saúdo, antes de tudo, o Cardeal Jozef Tomko, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, que se fez intérprete dos comuns sentimentos; D. Charles Schleck, Secretário-Adjunto da Congregação e Presidente das Pontifícias Obras, os Secretários-Gerais, os Conselheiros, os Directores Nacionais vindos de muitos Países do mundo e o pessoal dos Secretariados gerais. Com afecto vos renovo as minhas sentidas e fraternas boas-vindas.
2. Através de cada um de vós desejaria fazer chegar a minha saudação às vossas Comunidades eclesiais de proveniência. Algumas delas são de antiga e gloriosa tradição missionária, tendo um papel significativo na difusão do Evangelho. Com o generoso envio de missionários e o empenho de notáveis recursos económicos, elas favoreceram o nascimento e desenvolvimento das jovens Igrejas, muitas das quais estão a celebrar neste ano o centenário da evangelização. Mas como não exprimir um apreço público também àquelas Dioceses que, embora carentes de pessoal apostólico e de meios financeiros, se preocupam igualmente em responder com coragem ao apelo missionário, abrindo-se às exigências da chamada universal à salvação, segundo as suas limitadas possibilidades? Que providencial realidade de intercâmbio mútuo entre as Igrejas, onde cada uma compartilha com as outras os dons recebidos de Deus! Trata-se de um impulso do Espírito Santo, que abre o coração de cada crente, com uma significativa experiência apostólica, às necessidades do mundo inteiro. Graças à ajuda de cada baptizado, é assim possível difundir a um número sempre maior de pessoas a perene verdade do Evangelho.
Sim, é obra do Espírito Santo o impulso a erguer das próprias necessidades imediatas o olhar, a fim de o dirigir para as exigências de quantos são «como ovelhas sem pastor» (Mc 6, 34), e «querem ver Jesus» (Jo 12, 31).
Caros Directores Nacionais das Pontifícias Obras Missionárias, importante é o papel a vós reservado nesta acção evangelizadora. O cuidado de sensibilizar para a obra da evangelização os membros das comunidades cristãs seja sempre a vossa primeira e fundamental preocupação. O trabalho que realizais como responsáveis destas Obras é ele mesmo um serviço prestado à Igreja inteira. Serviço que as quatro Obras, as quais «têm em comum o objectivo de promover o espírito missionário universal no seio do povo de Deus» (Enc. Redemptoris missio, 84), prestam de modo diverso e complementar.
Enquanto a Pontifícia Obra da Santa Infância tem como objectivo infundir nos católicos, desde a mais tenra idade, um espírito autenticamente missionário, a Pontifícia Obra de S. Pedro Apóstolo tem como intento a formação dos seminaristas, dos religiosos e das religiosas nas Igrejas de recente fundação. É necessário que esta actividade de sensibilização missionária interesse o inteiro Povo de Deus e se torne exigência sentida por todos. Para ter despertado esse anélito apostólico é chamada sobretudo a Pontifícia Obra da Propagação da Fé, cujo objectivo é envolver na nova evangelização as famílias, as comunidades de base, as paróquias, as escolas, os movimentos, as associações, os Institutos religiosos, de maneira que cada diocese tome consciência da sua vocação missionária universal (cf. Estatutos das Pontifícias Obras Missionárias, Roma 1980, II, 9/a), não só no que concerne à colecta de ajudas materiais e à cooperação espiritual, mas também à promoção das vocações missionárias, tanto «ad tempus» como «ad vitam».
Depois, dou graças ao Senhor pelo trabalho que a Pontifícia União Missionária está a realizar e encorajo-o a orientar todo o seu esforço para a animação dos animadores, a formação dos formadores, respondendo desse modo à sua específica vocação. Precisamente por isto ela foi definida «a alma das outras Obras» (cf. Paulo VI, Carta Apost. Graves et increscentes).
3. Caríssimos Irmãos e Irmãs! Como conclusão deste encontro, formulo de coração os votos por que o vosso ardor apostólico, alimentado pela oração constante e por uma filial devoção a Maria Santíssima, acompanhe dia após dia a vossa actividade. O ícone da Virgem, recolhida em contemplação orante no cenáculo com os Apóstolos, seja a imagem das comunidades cristãs em constante escuta de Deus e prontas a receber a força do Espírito Santo. Deixai-vos guiar pelo Espírito de Deus! Colaborai com Ele na animação do inteiro povo cristão, para que seja fiel a Cristo que o quer generosamente dedicado à edificação do seu Reino. «A todos os fiéis – recorda o Concílio Vaticano II – incumbe, portanto, o glorioso encargo de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens em toda a terra» (Apostolicam actuositatem, 3).
Eis o futuro da missão, eis o vosso programa: «Hoje e para além do Ano 2000», como bem é expresso pelo título da vossa assembleia.
Enquanto vos confio às mãos misericordiosas de Maria, Estrela da evangelização, asseguro-vos a minha constante lembrança na oração e, ao exortar-vos a prosseguir no caminho empreendido, concedo-vos de coração uma especial Bênção Apostólica, que faço extensiva a todos os vossos Colaboradores no incansável trabalho de animação missionária.
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