MENSAGEM DO SANTO PADRE
À ASSEMBLÉIA GERAL DA UNIÃO MUNDIAL DAS ORGANIZAÇÕES FEMININAS CATÓLICAS
À Senhora
María Eugenia Díaz de Pfennich
Presidente da União Mundial
das Organizações
Femininas Católicas
1. Saúdo com alegria as participantes na Assembleia Geral da União Mundial das Organizações Femininas Católicas, realizada em Roma de 17 a 25 de Março de 2001. Desde 1910 o vosso movimento reúne mulheres católicas provenientes de todos os continentes e de diferentes origens e culturas. Num espírito de respeito por esta diversidade, agora formais uma família grande e dinâmica no seio da Igreja católica. O vosso encontro no coração da Igreja universal é uma ocasião particular para confirmar a vossa identidade e receber a graça do Jubileu para abrir a Cristo a porta do vosso coração, das vossas casas e das comunidades nas quais viveis, rezais e seguis a vocação que Deus confiou a cada uma de vós.
2. No início de um novo milénio, as seiscentas delegadas desta Assembleia têm a oportunidade de agradecer a Deus por tudo o que ser mulher significa no desígnio divino, e pedir a Sua ajuda para vencer os numerosos obstáculos que ainda impedem o pleno reconhecimento da dignidade e da missão das mulheres na sociedade e na comunidade eclesial. O caminho percorrido no último século foi notável. Hoje, em muitos Países, as mulheres têm liberdade de movimento, de tomar decisões e de se exprimirem, uma liberdade conquistada com clareza de ideias e coragem. Elas manifestam o seu génio particular em numerosos âmbitos. No mundo actual existe a crescente consciência da necessidade de afirmar a dignidade da mulher. Não se trata de um princípio abstracto, porque requer um empenho unânime a todos os níveis para impedir com vigor "toda a praxe que ofende a mulher na sua liberdade e feminilidade: o chamado "turismo sexual", a compra e venda das jovens moças, a esterilização maciça e, em geral, toda a forma de violência" (Audiência geral de 24 de Novembro de 1999, n. 2, Ed. port. de 27/11/1999, pág. 12).
Contudo, as mulheres ainda se encontram perante numerosos obstáculos à sua realização autêntica. A cultura dominante divulga e impõe modelos de vida que são contrários à natureza mais profunda da mulher. Verificaram-se graves aberrações, algumas que surgem do egoísmo pessoal e da recusa de amar, outras de uma mentalidade que atribui muita importância ao direito de cada indivíduo, que enfraquece o respeito pelos direitos do próximo, e em particular os do nascituro indefeso, que com frequência é privado de qualquer tutela legal.
3. A vossa União existe para vos ajudar a conhecer de modo mais profundo a vossa missão e vivê-la plenamente. Está presente como voz nos encontros internacionais, para recordar que qualquer vida é um dom de Deus e merece ser respeitada. Trabalhando juntas, deveis procurar oferecer um apoio material e moral cada vez maior às mulheres em dificuldade, vítimas de pobreza e de violência. Nunca vos esqueçais de que este trabalho importante está radicado no amor de Deus e dará frutos na medida em que o vosso testemunho revelará o Seu amor infinito por cada pessoa humana.
A santidade feminina, à qual cada uma de vós está chamada, é indispensável para a vida da Igreja. "O Concílio Vaticano II, confirmando o ensinamento de toda a tradição, recordou que, na hierarquia da santidade, precisamente "a mulher", Maria de Nazaré, é "figura" da Igreja. Ela "precede" todos no caminho rumo à santidade" (Mulieris dignitatem, 27). As mulheres que vivem na santidade são "um modelo de "sequela Christi", um exemplo de como a Esposa deve responder com amor ao amor do Esposo" (Ibid.).
4. O tema da vossa Assembleia, A missão profética das mulheres, deveria ser para vós uma ocasião para vos dedicardes a uma ampla reflexão acerca do vosso empenho. A Igreja e o mundo precisam do vosso testemunho específico. O ministério profético é partilhado por todo o povo de Deus e consiste sobretudo em ouvir e compreender a Palavra de Deus (cf. Lumen gentium, 12).
As mulheres católicas que vivem com fé e caridade e honram o nome de Deus na oração e no serviço (cf. Ibid) tiveram sempre um papel muito fecundo e indispensável na transmissão do sentido autêntico da fé e na sua aplicação em todas as circunstâncias da vida. Hoje, numa época de profunda crise espiritual e cultural, esta tarefa assumiu uma urgência que nunca é suficientemente recordada. A presença e a acção da Igreja do novo milénio passam pela capacidade que as mulheres têm de receber e guardar a Palavra de Deus. Em virtude dos seus carismas específicos, a mulher tem um dom único ao transmitir a mensagem e o mistério cristão à família e ao mundo do trabalho, do estudo e do tempo livre.
5. O recente Jubileu dos Leigos foi a ocasião para renovar a chamada feita pelo Concílio a todos os fiéis leigos, de proclamar a Boa Nova de Cristo com as palavras e o testemunho. Na família e na sociedade, vós contribuís "a partir de dentro... para a santificação do mundo" (Lumen gentium, 31). Cada tarefa, até a mais comum, se for desempenhada com amor, contribui para a santificação do mundo. É uma verdade importante que é preciso recordar hoje, num mundo atraído pelo sucesso e pela eficiência, no qual, contudo, muitas pessoas não participam dos benefícios do progresso global e são cada vez mais pobres e abandonadas.
O Jubileu deu novas energias a toda a Igreja. Prossigamos com esperança! (cf. Novo millennio ineunte, 58). Hoje, enquanto recomeça o seu caminho para proclamar Cristo ao mundo, a Igreja precisa de mulheres que contemplem o rosto de Cristo, que fixem o seu olhar n'Ele e O reconheçam nos membros mais débeis do Seu Corpo. "Em verdade vos digo: sempre que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes" (Mt 25, 40). Vigiai, sede uma presença atenta e forte, nunca vos esqueçais de olhar para Cristo, de conservar no coração as Suas palavras. Desta forma, a vossa esperança não faltará; difundir-se-á no mundo este tempo prometedor e cheio de desafios.
Garanto-vos mais uma vez a minha proximidade na oração, confiante de que esta Assembleia será para vós uma ocasião para encontrar novas energias para a vossa missão. Ao confiar-vos a todas vós à protecção de Maria, Mãe do Redentor, concedo-vos do coração a minha Bênção apostólica.
Vaticano, 7 de Março de 2001.
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