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PEREGRINAÇÃO APOSTÓLICA DO SANTO PADRE
À ÁSIA ORIENTAL OCEANIA E AUSTRÁLIA
(25 DE NOVEMBRO A 5 DE DEZEMBRO DE 1970)

SANTA MISSA CELEBRADA NA ILHA DE UPOLU
NAS ILHAS SAMOA

HOMILIA DO PAPA PAULO VI

Igreja do vilarejo de Leulumoega, Ilhas Samoa
Segunda-feira, 30 de Novembro de 1970

 

Dilectos Filhos e Filhas

Eis-me aqui, no meio de vós! Venho de longe, de Roma, onde se encontram os túmulos dos grandes Apóstolos, São Pedro e São Paulo, e de tantos outros Santos e Mártires, e trago-vos a sua bênção.

Não foi nem o gosto de viajar nem algum interesse que me trouxe até aqui, junto de vós. Vim porque todos somos irmãos, ou melhor, porque todos vós sois meus Filhos e minhas Filhas e é conveniente que, na qualidade de pai de família, desta família que é a Igreja Católica, eu demonstre que todos vós, individualmente, tendes direito a uma afeição igual. Sabeis o que significa «Igreja Católica »? Significa que ela está em todo o universo, que é para todos, que em nenhum lugar é estrangeira: todos os homens, qualquer que seja a sua nação, a sua raça, a sua idade, ou a sua instrução, têm um lugar nela.

Porque posso anunciar-vos uma verdade tão extraordinária? Porque Jesus Cristo, o primogénito de todos os homens, quis que a realidade fosse esta. Ele é o Filho de Deus, nosso Pai do Céu e, ao mesmo tempo, é o Filho de Maria, nossa irmã pela estirpe humana. E Ele quem nos salva; Ele é o nosso Senhor. Foi Ele quem me enviou, como enviou os missionários.

Com efeito, estes homens e estas mulheres de Deus vieram para as vossas ilhas, enviados por Jesus Cristo. Ensinaram-vos a mesma doutrina que eu vos trago. Vieram impelidos por um amor idêntico àquele que me anima.

A obra missionária, que teve início no dia de Pentecostes e em nome da qual eu me encontro entre vós, prossegue ainda nos nossos dias. E sempre necessária e sempre urgente. No mundo, ainda existem muitos homens que não encontraram a verdade. A semente que Deus colocou nos seus corações ainda não encontrou terreno para germinar e desenvolver-se totalmente, por falta de quem o prepare.

Por isso, quero pedir-vos um favor. Trata-se do seguinte: enviemos todos juntos uma mensagem, ou seja, uma carta-convite, a todos os católicos do mundo inteiro, para lhes dizer que existem ainda muitos homens e muitos povos que não receberam, até agora, os Missionários, ou então que receberam muito poucos Missionários. E acrescentemos que é necessário mandar para cá, para todas as ilhas e para todas as partes da terra, que ainda não conhecem Jesus Cristo, novos Missionários e novas Missionárias, para pregarem o Evangelho e para baptizarem todos os que desejam tornar-se cristãos; e, também, para instruírem o povo, para educarem as crianças, para ensinarem à juventude o que há de belo e bom, para trabalharem, para oferecerem à vossa vida os meios de que ela precisa para crescer e se desenvolver, para pregarem que é necessário respeitar todo o ser humano, para demonstrarem como se deve viver bem, na justiça e na paz, e para anunciarem quem é Jesus Ressuscitado e como devemos amar a Deus e a todos os homens.

Agrada-vos esta proposta?

Apresento-vos uma folha. Nela está escrita a mensagem missionária. Vamos todos assiná-la. Será a mensagem católica das Missões de Samoa, em favor das Missões de todo o mundo. O mundo inteiro ou vir-vos-á!

Nós, Paulo VI, com a comunidade católica da Ilha de Upolu, reunida em torno do seu Bispo, Pio Taofinu'u, e o seu clero, e com os Nossos colaboradores, os Cardeais Eugène Tisserant e Agnelo Rossi, os Arcebispos Giovanni Benelli, Agostino Casaroli e Sergio Pignedoli e o Bispo Jacques Martin, lançamos um apelo, que pretende ser um brado, a toda a Igreja, dispersa pelos quatro pontos cardeais, erguido daqui, desta terra privilegiada, perdida na imensidade do Oceano Pacífico, mas já de longa data aberta à Mensagem evangélica.

Em resposta às vozes angustiadas das almas ávidas de luz, que nos interpelam: «Passa à Macedónia e vem ajudar-nos» (Act 16, 9), cheios de compaixão pelas multidões que têm fome do pão da Palavra e do pão da Eucaristia, que não lhes é repartido, de admiração, diante da riqueza que Deus colocou no coração dos homens e das promessas maravilhosas de colheita evangélica, repetimos o convite dirigido por Deus, desde o início dos tempos, às almas generosas: « Deixa a tua terra, a tua família e a casa do teu pai, e vai para a terra que Eu te indicar» (Gên 12, 1).

Vós, Bispos da Santa Igreja Católica, que, em virtude da colegialidade do Episcopado, compartilhais a solicitude pelo bem de toda a Igreja (cfr. Lumen Gentium, n. 23), estendei o vosso ardor apostólico à santa causa da difusão da Igreja pelo mundo inteiro (cfr. Fidei Donum).

Vós, sacerdotes, cuja fé aspira a comunicar-se em espaços mais amplos, vinde trazer o fogo do vosso zelo, àqueles cuja simplicidade de vida lhes salvaguardou a sensibilidade para com os valores do espírito.

Vós, religiosos e religiosas, cuja vida está inteiramente consagrada à imitação do Senhor, ide unir-vos às valorosas gerações de missionários que, desde muitos séculos, se tornaram, segundo as suas pegadas, os mensageiros da fé, da paz e do progresso, anunciando Cristo, Mestre e Modelo, Libertador e Salvador (cfr. Ad Gentes, n. 8).

Vós, jovens de ambos os sexos, cujas almas, sedentas de verdade, de justiça e de amor, procuram causas nobres, para defender com vigor e desinteresse, atendei o apelo que fazemos para vos tornardes arautos da Boa-Nova da Salvação. Vinde, com a generosidade da vossa fé e do vosso entusiasmo juvenil, ensinar aos homens que há um Deus que os ama, que os espera e que os quer junto de si, como filhos reunidos à volta do chefe de família. Vinde cuidar dos corpos, esclarecer as inteligências, ensinar a viver melhor, a crescer em humanidade e a edificar a Igreja, para a maior glória de Deus.

Vós, que sois ricos, oferecei ao apóstolo uma parte dos bens cuja administração o Senhor vos confiou, para que ele possa viver e as suas iniciativas pastorais consigam prosperar.

Vós, que sois pobres, oferecei a vossa luta e o vosso suor pelo pão de cada dia, a fim de que este pão possa ser partilhado com todos.

Vós, que sofreis, que chorais e que sois perseguidos, oferecei também o vosso sofrimento, para que o Corpo de Cristo cresça, na justiça e na esperança (cfr. Col 1, 24).

Dizemos, enfim, a toda a cristandade católica: « Alarga o espaço da tua tenda, estende as peles que te abrigam...» (Is 54, 2), e

procura oferecer, a um mundo em marcha para a unidade, o alimento indispensável da harmonia, porque, se a procura da verdade em comum aproxima os homens uns dos outros, só o encontro dos corações consolida a sua unidade.

Pedimos a todos vós que vos esforceis por construir, no Espirito de Jesus Cristo, este corpo gigante e místico que é a Igreja em formação. Depende de vós que amanhã a paz e a fraternidade dissipem as sombras da morte. Deus tem necessidade de vós, para que, à volta de Cristo-Salvador, se levante, em uníssono, (cfr. Ef 2, 21), o hino ao Criador, Deus e Pai de todos (cfr. Ef 4, 6).

Ouvi a nossa voz, Irmãos e Irmãs desconhecidos. E a graça do Senhor esteja convosco. Amém!

 



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