DISCURSO DO SANTO PADRE PAULO VI
AO NOVO EMBAIXADOR DE PORTUGAL
JUNTO À SANTA SÉ*
Segunda-feira, 20 de Agosto de 1974
Senhor Embaixador,
Ouvimos,com a melhor atenção, as deferentes expressões que Vossa Excelência acaba de Nos dirigir, ao apresentar as Credenciais como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário de Portugal junto da Santa Sé.
As palavras de Vossa Excelência transportaram-Nos, em espírito, ao seu querido País, que já tivemos o prazer de visitar, aquando da Nossa peregrinação a Fátima. Elas avivaram no Nosso coração os sentimentos de benevolência que nutrimos para com o dilecto Povo português, cuja história é repositório de feitos valorosos, humana e religiosamente considerados, e de um património cultural bem marcado pela presença da Igreja, aceita e correspondida com fidelidade.
O seu nobre País atrai sobre si, no presente, as atenções do mundo, assim como a Nossa solicitude viva e paterna; e com boas esperanças se acompanha este particular momento histórico, que ele está a viver. Que desejamos para Portugal, do coração, toda a sorte de bens e venturas, é supérfluo reafirmá-lo.
Duas coisas, no entanto, auspiciamos em particular, para o querido Povo português, que o façam prosseguir na senda histórica que levantou alto o seu nome no concerto dos outros povos e que o façam superar, da melhor maneira, momentâneos problemas: urna fraternidade vivida - fundada na liberdade, equidade, respeito, generosidade e amor - entre os seus membros e para com os demais homens irmãos; depois, urna paz segura e serena, que faculte o concorde labor e a constante aplicação da inteira grei, pelo crescente progresso colectivo e por um bem-estar irmãmente repartido e cultivado por todos e cada um, em boa harmonia.
Para esta convivência fraterna, capaz de eliminar quaisquer ressentimentos e desentendimentos e de levar à compreensão, ao perdão e à reconciliação - para, numa atitude construtiva, se prosseguir a promover a solidariedade operante e a justiça - pode a Igreja dar uma ajuda preciosa.
E aqui, vai um Nosso pensamento, de simpatia e de estímulo naturalmente, para os católicos de Portugal e para os seus Bispos: para que continuem a fomentar uma profissão esclarecida e corajosa da fé, que se reflicta nas estruturas e na vida da comunidade.
A Igreja, de facto, inculcando nas consciências nobres e elevados ideais, no seu papel de servir, sincera e desinteressadamente, ao evangelizar e ao distribuir os bens divinos - de que é beneficiária, depositária e ministra - espalha urna luz e confere energias morais, que contribuem para estabelecer e consolidar, segundo a lei divina, a comunidade humana.
Tal comunidade, como é sabido, assenta no respeito pela vida e pelos direitos fundamentais da pessoa humana; e esta, com a liberdade, há-de dispor dos bens espirituais e materiais indispensáveis para a própria realização integral, com participação responsável e capacidade de opção e de decisão nos destinos da colectividade.
Seguimos, com vivo interesse, as iniciativas referentes aos territórios do Ultramar; e acompanhamo-las com votos paternos, por que, mediante acordes assentes na boa vontade, se possam garantir em tais regiões, seguras condições de justiça, de paz e de progresso.
Senhor Embaixador: Ao apresentar a Vossa Excelência cordiais boas-vindas, queremos certificá-lo da Nossa benevolência e formular votos pelo bom desempenho da sua missão. E, auspiciando as melhores prosperidades para a dilecta Nação portuguesa, invocamos sobre ela e sobre as suas suprema Autoridades, ao mesmo tempo que sobre a pessoa de Vossa Excelência, copiosas bênçãos de Deus.
*AAS 66 (1974), p.489-491.
Insegnamenti di Paolo VI, vol. XII, p.742-743.
L’Attività della Santa Sede 1974, p.239-240.
L'Osservatore Romano, 21.8.1974, p.1.
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